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“Pecadores”: Terror Musical Blues de Ryan Coogler É Crítica Poderosa ao Apagamento da Cultura Afro-Americana

Não é exagero afirmar que Ryan Coogler tece um grandioso musical em “Pecadores”, ecoando a intensidade de “Amor, Sublime Amor” ao transpor o conflito de gangues por imigração para a luta entre humanos e vampiros contra o apagamento histórico no Mississippi dos anos 1930. Ambas as narrativas, com suas particularidades, carregam tragédias temáticas profundas.

Assim como em seus trabalhos anteriores (“Creed”, “Pantera Negra”), Coogler eleva a história pop com referências e significados que transcendem o mainstream, impulsionado pela música impactante de Ludwig Göransson. Em “Pecadores”, a parceria atinge um novo patamar.

A Alma do Blues e a Magia Espiritual:

Coogler define “Pecadores” como um filme “sobre a música americana mais do que qualquer outra coisa”, uma jornada pelo “Caminho do Blues” no Mississippi, explorando a gênese do gênero nos cânticos gospel das igrejas e nos lamentos dos campos de algodão. Os juke joints, refúgios clandestinos da cultura negra durante a Lei Seca, e a figura dos músicos de rua, como Delta Slim (Delroy Lindo), ganham destaque.

A lenda de Robert Johnson e seu pacto com o diabo para alcançar o talento no blues encontra paralelo na trajetória de Sammy (Miles Canton), permeada pela tradição espiritual afro-americana do hoodoo, personificada por Annie (Wunmi Mosaku). A música em “Pecadores” se torna um portal, unindo passado, presente e futuro em um transe, como na apresentação de Sammy no juke joint, que mescla influências do blues ao funk, soul, hip hop e ritmos tribais, atraindo a atenção dos vampiros.

Crítica ao Apagamento Histórico e Resiliência Cultural:

A cobiça dos vampiros pela música de Sammy ecoa o histórico apagamento da cultura afro-americana, desde a coroação de Elvis como “Rei do Rock” até a perseguição de líderes e artistas pelo FBI. A luta contra as criaturas em “Pecadores” se torna uma metáfora dessa batalha contra o esquecimento.

O final surpreendente, com Buddy Guy interpretando um Sammy idoso e bem-sucedido em Chicago nos anos 1990, estabelece uma conexão direta com a realidade. Assim como Sammy, Buddy Guy saiu dos campos de algodão para se tornar uma lenda do blues em Chicago, com a ajuda de Muddy Waters. A visita do vampiro Stack a Sammy sela um pacto de proteção através da música e da cultura.

Em “Pecadores”, Ryan Coogler transcende o cinema tradicional, celebrando a comunidade, o respeito, a origem e a resiliência da arte afro-americana em uma história repleta de estrelas, mas enraizada na sua própria essência.

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