Após quase um século de história recheada de curtas icônicos e participações em filmes live-action, “O Dia Que A Terra Explodiu” marca um feito inédito: o primeiro longa-metragem animado totalmente original dos Looney Tunes. A pressão é palpável, dado o legado de Pernalonga e seus amigos, especialmente os protagonistas Patolino e Gaguinho, e a transição do formato de curtas para uma narrativa de 90 minutos.
A tarefa de manter a energia frenética e o humor surreal característicos dos Looney Tunes por toda a duração do filme coube a Pete Browngardt, diretor do aclamado reboot “Looney Tunes Cartoons”. Em sua estreia no cinema, Browngardt demonstra que o sucesso da série não foi acaso. “O Dia Que A Terra Explodiu” embarca em uma trama caótica que mistura invasão alienígena, apocalipse zumbi e Armageddon, com Patolino e Gaguinho no centro.
A equipe de animação entrega uma coleção de piadas visuais criativas, bizarrices cômicas e timing impecável, desde a infância dos protagonistas sob os cuidados do Fazendeiro Jim até a corrida contra o tempo para salvar sua casa. O filme eleva os valores de produção para sequências que beiram o caos, como a invasão alienígena através de chicletes controladores e referências hilárias ao cinema de ficção científica.
Browngardt e sua equipe transformam a “lógica Looney Tunes” em uma ferramenta para ilustrar a complexidade e o valor da amizade em um mundo insano. Patolino personifica a insanidade com soluções marretadas, enquanto Gaguinho é o avatar da ansiedade do público diante dessa maratona de loucuras. As vozes impecáveis de Manolo Rey e Márcio Simões na dublagem brasileira enriquecem a dinâmica da dupla. Embora o texto não seja refinado, manter a coerência emocional sob essa colagem de esquetes animadas é um feito notável.