O renomado cineasta Mohammed Lakhdar-Hamina , vencedor da Palma de Ouro em 1975 pelo épico Crônicas dos Anos de Fogo , faleceu aos 91 anos . A notícia foi confirmada pela família ao site Deadline , embora a causa da morte não tenha sido revelada.
Lakhdar-Hamina é até hoje o único diretor africano a conquistar o principal prêmio do Festival de Cannes , um marco importante na história do cinema mundial. Seu filme mais famoso, Crônicas dos Anos de Fogo , lançado em 1975, retrata a Guerra de Independência da Argélia (1930–1954) sob a perspectiva de um camponês, expondo os horrores do domínio colonial francês e as raízes do movimento de libertação.
Um filme com vivência pessoal
A obra não apenas retrata eventos históricos, mas também é profundamente pessoal. Lakhdar-Hamina viveu parte dessa história: como seu pai, que morreu em combate contra o exército francês, ele participou ativamente do movimento de resistência na Argélia. Nos anos 1950, começou sua carreira produzindo curtas-metragens sobre o conflito.
Além de Crônicas dos Anos de Fogo , o cineasta esteve presente no Festival de Cannes outras três vezes:
- Com Rih Al Waras (1966), venceu o prêmio Câmera de Ouro .
- Em 1982, apresentou Rih Al-raml .
- E em 1986, exibiu La Dernière Image .
Essas presenças marcaram uma época em que o cinema africano era raramente reconhecido em festivais internacionais.
Último filme e vida pública
Após quase 30 anos sem novos trabalhos , Lakhdar-Hamina retornou à direção com Crépuscule des Ombres (2014), seu último filme. O longa aborda a ocupação francesa da Argélia sob a perspectiva de um comandante francês que enfrenta dilemas éticos ao lidar com um soldado rebelde.
Além de sua contribuição ao cinema, o cineasta também teve papel relevante na vida política e cultural da Argélia , tendo chefiado o principal serviço estatal de notícias entre os anos 1950 e 1970 , além de liderar o Escritório Nacional de Comércio e Indústria Cinematográfica entre 1981 e 1984 .
Legado cinematográfico
Mohammed Lakhdar-Hamina deixa como legado um olhar crítico e humano sobre a história de seu país e do continente africano. Ele é pai de Malik Lakhdar-Hamina , também cineasta, e Tariq Lakhdar-Hamina , produtor.
Seu trabalho inspira gerações de artistas e continua sendo referência para o cinema político e independente.